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Upiara Boschi: Jorginho afaga Joinville no aniversário

O governador Jorginho Mello (PL) aproveitou o aniversário de Joinville para marcar presença na cidade que tem o maior eleitorado do Estado. Sempre ao lado do prefeito Adriano Silva (Novo), a quem já convidou para ingressar no PL e não esconde o desejo de aprofundar uma parceria eleitoral em 2024 e 2026, o governador anunciou um pacote de ações na cidade. A cereja do bolo, o anúncio de custear 20% da folha de pagamento do Hospital São José, promessa da última campanha eleitoral que ele timidamente começa a colocar em prática.

Jorginho sabe como poucos o peso que Joinville e o eleitor joinvilense tem em seu futuro político. É possível dizer que a cidade garantiu sua chegada ao poder estadual. Primeiro, em 2018, quando acoplou-se de última hora à Onda Bolsonaro sem abrir mão do voto emedebista vinculado à presença de Ivete da Silveira (MDB), viúva de Luiz Henrique da Silveira, como primeira suplente. Sem maior vínculo com a cidade, Jorginho ficou em segundo entre os joinvilenses, à frente de Esperidião Amin, Raimundo Colombo e Paulo Bauer, atrás apenas de Lucas Esmeraldino (PSL), o beneficiário da Onda Bolsonaro.

Os votos foram suficientes para que, em nível estadual, ele ficasse apenas 18 mil votos à frente de Esmeraldino e se elegesse senador. Sem isso, não haveria candidatura ao governo ano passado, quando passou a ser o titular da segunda Onda Bolsonaro em Santa Catarina.

Agora no cargo, Jorginho vai trabalhar para garantir os votos joinvilenses com ou sem onda. Por isso os afagos aos aliados locais – Sargento Lima, Maurício Peixer -, a tentativa de cooptação do bem avaliado prefeito Adriano Silva e obras. Um aliado na prefeitura em 2026 é a missão para a reeleição.

Paulo Afonso e LHS, inimigos íntimos

Ter um aliado na prefeitura de Joinville tem sido importante, mas não vital para os planos de reeleição dos governadores catarinenses. O primeiro governador a ter direito à reeleição foi Paulo Afonso (PMDB), em 1998. Dois anos antes, o PMDB tinha vencido a disputa pela prefeitura joinvilense, com Luiz Henrique da Silveira (PMDB), mas isso não contou muito para impedir a vitória de Esperidião Amin (PPB) ainda em primeiro turno naquela disputa. Certo que LHS pouco poderia fazer diante dos desgastes do tumultuado governo de Paulo Afonso, mas é sempre bom lembrar que ambos cultivaram por quase toda vida uma rivalidade interna que gerou conflitos às vezes maiores do que os que disputavam contra inimigos políticos declarados.

A tríplice aliança joinvilense

No cargo de governador, Amin apostou em Eni Voltolini para derrotar Luiz Henrique em Joinville em 2000. Não deu certo, o progressistas ficou apenas em terceiro lugar. E LHS iniciou a caminhada improvável que lhe garantiria a vitória contra Amin em 2022. Herdeiro do cargo, Marco Tebaldi (PSDB) contou com a articulação plena do governador Luiz Henrique para fazer uma histórica coligação que garantiu a reeleição em primeiro turno. LHS não queria um adversário em sua base dois anos depois, quando disputaria a reeleição. Foi o caso mais bem sucedido no entrelaçamento das eleições locais e estaduais em Joinville.

Colombo pisando em ovos

Menos preocupado, Luiz Henrique viu seus aliados se dispersarem em diversas candidaturas em 2008, o que abriu espaço para a vitória do petista Carlito Merss. Nada que atrapalhasse os planos de manter a tríplice aliança no poder estadual, com o lageano Raimundo Colombo (Democratas) eleito em primeiro turno. O desafio de manter em pé a aliança estadual que começava a ruir colocou Colombo em dilema na eleição de 2012: seu novo partido, o PSD, tinha Kennedy Nunes como candidato contra a aposta de LHS, o empresário Udo Döhler. Colombo ficou o mais quieto possível para impedir que o confronto gerasse feridas entre os partidos. Döhler venceu de virada no final, Colombo se reelegeu com o PMDB no barco dois anos depois.

A onda que mudou o jogo

Em 2016, Colombo voltou a enfrentar o mesmo dilema da composição PSD-PMDB. Preferia que a aliança se reproduzisse em Joinville, com apoio a Udo Döhler, mas a ofensiva estadual de Gelson Merisio (PSD) pela ruptura garantiu a candidatura de Darci de Matos (PSD). O peemedebista venceu novamente no segundo turno e a convivência dos dois partidos no Estado dava mostras de que chegava ao fim. Separados em 2018, todos foram derrotados pela Onda Bolsonaro que levou Carlos Moisés (PSL) ao poder.

Enfrentando a pandemia e dois processos de impeachment na Assembleia Legislativa, Moisés não conseguiu ser nem articulador e nem cabo eleitoral nas eleições municipais de 2020. O PSL lançou a candidatura de Dalmo Claro, sem impacto, e o Centro Administrativo viu de longe a vitória de Adriano Silva (Novo) sobre Darci. Moisés gostou do que viu: era outro outsider vencendo a política tradicional. Buscou aproximação, prometeu recursos para a cidade e contava com o apoio do joinvilense em um segundo turno que a urna lhe negou ano passado.

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Upiara Boschi

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