“Os transtornos mentais e a pandemia – estratégias para manter nossa saúde mental durante a quarentena” foi tema da conversa transmitida pelo Facebook da Prefeitura de Joinville na programação da Semana da Saúde Mental que está sendo promovida até sexta-feira, 22 de maio, com outras transmissões às 15 horas.
As dicas de cuidados para a saúde mental nesse momento de pandemia do Covid-19 foram abordados por Ester Grunhagem Fernandes, terapeuta Ocupacional do CAPs II (Centro de Atenção Psicossocial Nossa Casa) e pela Dra. Silvia Marchesa de Pra Nomberg, psiquiatra na unidade do Saps. A conversa teve a mediação de Josiane Kintzel, terapeuta ocupacional e Coordenadora do Saps e Sois.
A psiquiatra Silvia lembrou que a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem alertado que os sintomas de ansiedade e depressão vem aumentando no mundo todo. “É comum surgirem sintomas de ansiedade e angustia e a dificuldade do controle das emoções. A pessoa pode identificar medo do comprometimento da saúde, insegurança sobre das questões econômicas, alterações do sono ou de apetite. E por conta disso podem ocorrer mais conflitos familiares”, comentou.
Como estratégia, Silvia recomendou que a pessoa se recorde e busque aplicar o que já usou em dificuldades anteriormente de forma bem sucedida. Também é importante pedir ajuda de alguém em quem confia para conversar, fazer exercícios de meditação e respiratórios e manter alguma atividade física. “De preferência alguma que seja prazerosa, como dança. Há aulas disponíveis na internet”, completou Ester.
Segundo a Terapeuta Ocupacional, é importante avaliar o que funciona para si mesmo. “Tem pessoas conseguindo aprender, estudar e produzir neste momento, o que é ótimo. Para quem não está conseguindo, buscar contato por redes sociais, e, mesmo no isolamento físico, cultivar os relacionamentos”, disse. A ideia é que as pessoas não se isolem afetivamente, podendo recorrer a chamadas de vídeos.
Para Ester, o principal ponto é reconhecer que estamos vivendo um momento inédito e isso traz emoções inéditas. “Precisamos acolher as alterações de humor. É natural porque a situação está difícil. A partir disso, partir para estratégias. E se reconhecer que o que está sentindo está sendo prejudicial, pode pedir apoio”.
A ajuda profissional é recomendada quando o sofrimento for muito intenso, a ponto de comprometer as atividades normais, e se a pessoa já tentou superar de sua maneira mas não está conseguindo sozinha.
Os serviços do CAPS continuam funcionando com acolhimento e escuta, mesmo com suspensão dos encontros de grupos.
Serviços de apoio
A Prefeitura de Joinville disponibiliza o serviço Ligue-Saúde para quem precisar de um atendimento de apoio psicológico. O serviço é sigiloso, com possibilidade de falar ou enviar mensagem: (47) 3481.5165. Para os profissionais de saúde estão disponíveis as unidades de saúde de seu território.
O Hospital Municipal São José também oferece ajuda a seus profissionais, com o programa de autocuidado do setor de psicologia, com encaminhamentos pelo telefone (47) 3441.6544.
OUTRAS DICAS
Atividades prazerosas
– Tentar encontrar uma atividade física prazerosa, como pintura, artesanato, ou outras que podem ser feitas no espaço disponível, acompanhando vídeos na internet, de preferência com profissionais qualificados. Os exercícios devem respeitar o próprio corpo e seus limites.
Convívio Familiar
– Flexibilizar as metas, as atividades que deveriam ser feitas naquele dia, para o convívio familiar ficar melhor e não aumentar o estresse.
– Respeitar as estratégias de cada morador da casa para lidar com este momento. Cada um tem uma maneira de funcionamento diferente.
Cuidados de saúde
– O uso do álcool piora os sintomas depressivos e o tabagismo piora os sintomas de ansiedade. Este não é o momento de intensificar o uso, mas sim cuidar da alimentação e fazer alguma atividade física condizente com o possível.
– Não abandonar tratamento, se já estiver fazendo algum.
Notícias
– O excesso de informações pode ser tão ruim quanto desinformação total e acabam ampliando a ansiedade. Também buscar não repassar informações sem checar as fontes para não propagar preocupações com notícias falsas.
Crianças
– Elas têm menos recursos mentais para lidar com a ansiedade. Comum ficarem mais irritadas e regredirem em alguma fase do desenvolvimento, como voltar a fazer xixi na cama. A sugestão é flexibilizar um pouco as regras para ajudar a criança a lidarem com a ansiedade.
– Promover brincadeiras e desenhos para poderem se expressar.
– Realizar atividades físicas com a família toda, mesmo dentro de um apartamento, inspirando-se em sugestões lúdicas disponíveis na internet ou indicadas por professores.