Uma linha em declive gradual apresenta um resultado animador para todos os envolvidos na implantação do Projeto Lean no Hospital São José de Joinville. Em 2019, o tempo de espera da classificação de risco até o atendimento médico no Pronto Socorro (PS) era de 417 minutos, em janeiro, e caiu para 75 minutos, em dezembro.
Em 2018, o tempo médio em janeiro foi de 315 minutos, e em dezembro foi de 231. Vale ainda ser considerado o aumento progressivo anual de mil pessoas, ao mês, no PS. Em 2018 eram atendidas, em média, 5 mil pessoas ao mês, em 2019 foram cerca de 6 mil.
O Lean nas Emergências é um projeto do Ministério da Saúde para reduzir a superlotação e melhorar o atendimento em emergência de hospitais que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A enfermeira Camila Alves Leandro, coordenadora do Pronto Socorro, há seis anos atuando no hospital, conta que foram eliminadas rotinas repetidas e também feitas mudanças simples, como tornar restritas as chamadas telefônicas da sala de classificação, o laboratório dar prioridade à leitura dos exames de sangue dos pacientes da emergência, assim como a eliminação de papel e a adoção de sistemas informatizados.
Anteriormente ao Lean, a média de permanência de um paciente no PS até a internação era de 4 dias, tempo que foi reduzido para 24 horas. “Para quem viu os corredores do PS lotados de pacientes, ficava té difícil acreditar numa mudança, mas os resultados são evidentes, graças também a medidas efetivadas nas enfermarias, que são os responsáveis pelas internações no hospital”, conta Camila. Segundo ela, foram reduzidos em 76% os processos que não agregam valor e melhorados em até 289% os que agregam.
Outro indicador que aponta bons resultados é o Nedocs (sigla em inglês para Escala de Superlotação do Departamento Nacional de Emergência), utilizado para medir a superlotação. Em 2019, a pontuação caiu de 543, em dezembro, para 223, em janeiro.
“Nós conseguimos melhorar, consideravelmente, a dignidade no atendimento. Ainda queremos melhorar mais, mas é um resultado importante. O processo visa sempre a humanização no atendimento ao usuário e uma maior dignidade nesse processo de atendimento de saúde”, salienta o secretário de Saúde, Jean Rodrigues da Silva.
O fluxo do PS também melhorou pela corresponsabilidade e solidariedade dos demais setores do HMSJ. O diretor Douglas Machado comenta que o Lean mexeu com a estrutura de todo o hospital. O espaço do PS foi dividido entre pacientes aguardando leitos para internação e pacientes em observação, além de ter sido estabelecida uma divisão entre as áreas de ortopedia, cirurgia geral e clínica médica. A medida dá mais conforto à equipe e aos pacientes.
A equipe de enfermagem com 83 integrantes, entre técnicos e enfermeiros, mais 6 médicos, se divide em 3 turnos. Na opinião do secretário Rodrigues, estas alterações no ambiente físico foram importantes, mas o mais relevante foi o engajamento dos servidores para o alcance do êxito.
Dos atendimentos do Pronto Socorro, 35% são de ortopedia, 36% clínicos, 29% cirúrgicos. O HMSJ é referência absoluta para Joinville e Região em Neuro AVC, Traumatologia e Oncologia. Entretanto, o maior volume de atendimentos não é de pacientes graves.
De acordo com o protocolo do Manchester, são os de baixa complexidade que mais dão entrada no Hospital, somando 54,99%. Ou seja, pacientes que poderiam ser atendidos nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Unidades Básicas de Saúde (UBS).
Apenas 12,63% são classificados como laranja, muito urgentes; enquanto os vermelhos, que apresentam risco de morte imediato e emergência, representam 0,78%.
Informação: Assessoria | Foto: NSC Total