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Crescimento desenfreado da zona sul de Joinville complica vida na região

Secretário de Planejamento Urbano do município afirma que a região não foi abandonada

Com trânsito intenso na maior parte do dia, poucas áreas de lazer, parques e infraestrutura inferior ao rápido crescimento, faz da zona sul de Joinville a área menos desenvolvida da cidade. Moradores e comerciantes pedem mudanças em meio a projetos, como o novo plano diretor do município e alterações da Lei de Ordenamento Territorial (LOT).

Segundo o Secretário de Planejamento Urbano de Joinville, Marcel Virmond Vieira, há uma explicação para esses problemas da zona sul da cidade. “Não vejo essa região como abandonada, o que a gente vê é que foi uma região que teve um crescimento muito acelerado, especialmente nos anos 60, 70 e 80, em uma época em que não se exigia a implantação de infraestrutura”, explica.

O secretário reitera que ainda nessa época, o desenvolvimento da região não tinha uma infraestrutura mínima. “Nessa época, não havia sequer pavimentação nos novos loteamentos, ou drenagem pluvial, tinha valetas a céu aberto e coisas desse tipo, chamamos isso de passivo-urbanístico, e com certeza isso se concentra na zona sul de Joinville”, certifica Vieira.

Mesmo assim, Marcel explica que a região não foi abandonada e que houve investimentos realizados paulatinamente ao longo dos anos. “Os investimentos foram nas diversas esferas que o urbanismo pode fazer para melhorar a região, desde a qualificação dos espaços públicos, os projetos de novas praças, áreas de lazer e parques, que é uma das coisas que a região é muito carente e a diversificação das atividades econômicas, que vai sempre permitir um maior desenvolvimento”, complementa.

Trânsito é um dos gargalos da zona sul que a prefeitura tem dificuldades para resolver Kevin Banruque/Folha Metropolitana

Situação pode ficar mais difícil com falta de ações

Entretanto, Eraldo José Hostin Júnior, presidente da Associação de Moradores São Francisco de Assis do Bairro Floresta (Amosfa), que trabalha como líder comunitário na região há mais de 17 anos, afirma que o crescimento continua desenfreado, e os bairros necessitam de mais infraestrutura.

“Um grande número de pessoas vem se instalando nos últimos anos, muitos empreendimentos estão chegando na região, então estamos crescendo muito mesmo”, reitera Júnior. “Sem contar que há muita omissão (por parte do poder executivo) nas áreas de saúde, educação, infraestrutura, mobilidade, o poder público precisa planejar melhor”, complementa Eraldo, que afirma que muitos dos novos moradores da região tem dificuldade de achar vagas em creches e enfrentam dificuldade nos serviços públicos de saúde.

O vereador Lucas Souza (PDT), afirma que a região sul foi abandonada ao longo das últimas décadas. “Mais de 70% de ruas não pavimentadas, problemas de mobilidade urbana e falta de saneamento básico com valas a céu aberto, retratam décadas de abandono desta região”, reitera.

Souza também afirma que a realidade não deve mudar no curto prazo: “Precisamos avançar, mas com um orçamento municipal onde apenas 7% é investido em infraestrutura, será difícil termos resultados a curto prazo, sem a participação do estado e da união.”

A reportagem do jornal Folha Metropolitana entrou em contato com o parlamentar joinvilense Cláudio Aragão (MDB), para tratar sobre problemas relacionados à zona sul da cidade, mas não retornou até o momento desta publicação.

Falta de pavimentação aparece em maior número na zona sul Kevin Banruque/Folha Metropolitana

Ponte Joinville pode ajudar no trânsito

Com aproximadamente 980 metros de comprimento e 26 metros de largura no projeto, a ponte Joinville terá duas pistas para cada um dos sentidos, além de áreas de estacionamento, ciclovia e calçada para pedestres. A estrutura terá uma ligação desde a avenida Alwino Hansen, no bairro Adhemar Garcia, seguindo sobre o rio Cachoeira, e conectando-se com o sistema viário do bairro Boa Vista, nas ruas São Leopoldo e São Borja.

“Esta ponte tem uma importância muito grande para a mobilidade de Joinville. Ela vai ligar toda a Zona Sul ao bairro Boa Vista e acesso direto ao Centro da cidade”, reitera o diretor executivo da Secretaria de Infraestrutura Urbana (Seinfra), Paulo Mendes Castro.

Projeto da ponte Joinville Prefeitura de Joinville/Divulgação

Zona sul tem sido atrativa para novos empreendimentos

Mesmo com falta de estrutura e outros problemas, a zona sul de Joinville tem atraído novos negócios e empreendimentos na região. Segundo o anuário divulgado pela prefeitura, Joinville em Dados, só o bairro Paranaguamirim registrou um aumento populacional de 225% entre os anos 2000 e 2020. Segundo Carlos Lopes, presidente do Sinduscon Joinville (Sindicato da Indústria da Construção Civil) é natural que novos negócios surjam para atender a demanda dos moradores.

“Os recentes investimentos anunciados pelo poder público em pavimentação, saneamento, mobilidade urbana e a abertura de licitação para a tão esperada ponte que ligará as zonas Sul e Leste da cidade são alguns exemplos de como essa região vem se desenvolvendo”, aponta Lopes.

Carlos afirma que obras de infraestrutura realizadas pelo município são um atrativo para a indústria da construção civil. Segundo a pesquisa da Brain, contratada pelo Sinduscon Joinville, das 316 unidades lançadas na região Sul nos últimos anos, apenas 40% dos apartamentos ainda estão disponíveis, e um dos fatores para essa disponibilidade é a falta de infraestrutura na região.

“A mobilidade e a infraestrutura são fatores que influenciam na hora da compra de um apartamento e na valorização dos imóveis. Assim, quando o poder público investe em uma região, torna-a mais atrativa para os cidadãos”, confirma Carlos.

Os joinvilenses têm preferido comprar imóveis maiores e com acabamentos melhores. O presidente do Sinduscon explica: “Há dois anos, em Joinville, 70% dos apartamentos tinham dois dormitórios. Hoje essa oferta caiu para 50%, sendo que 37% das unidades já são de três dormitórios. O crescimento de apartamentos de alto padrão se dá, em boa parte, ainda em decorrência dos reflexos da pandemia, que fez as pessoas buscarem mais qualidade de vida em residências mais amplas e confortáveis.”

O bairro Floresta, que faz parte da zona sul, também está passando por transformações, assim como o resto da região. Recentemente, um novo e diferente restaurante passou a fazer parte da rua Santa Catarina, eixo importante da zona sul. O Korean Yoon passou a servir pratos sul-coreanos bem na frente da praça Tiradentes, local relevante da região.

O Chefe Yoon, fundador do negócio, é natural da Coreia do Sul e se mudou para o Brasil na intenção de abrir um restaurante. Em um passeio pelo bairro Floresta, achou um restaurante à venda e decidiu comprar. Desde então tem empreendido na região e tem chamado a atenção de moradores, não apenas da zona sul, mas de toda a cidade.

“Estou sempre trabalhando duro com o coração desde quando comecei meu negócio”, diz Yoon, que tem boas expectativas para o sucesso de seu restaurante. “Estou planejando abrir o segundo restaurante sul-coreano na cidade no futuro. Então, quero apresentar a comida e a cultura do meu país para mais brasileiros”, finaliza.

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Kevin Banruque
Editor

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